Daniel Campos

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Dúvidas de um cidadão

Por mais que se fale em termoelétrica, sinto que ando desinformado. Não sei se as informações são poucas, superficiais, desencontradas ou se eu estou querendo saber além do que querem contar. Talvez seja porque eu esqueci a guerra e assim, certos assuntos não conseguem passar por mim de forma despercebida. Termoelétrica?!?!

Era uma vez uma crise energética. Era uma vez. Logo logo o governo vai dá-la por encerrada e usá-la na campanha presidencial do próximo ano. "O governo que acabou com o apagão", um belo slogan, senão pelo fato de ser o mesmo governo que criou, ou melhor, deixou criar o apagão. Gostaria de esclarecer que eu não venero nenhum partido político, isto é, voto no caráter, no humano, nos projetos e não numa sigla. Dito isso, vamos em frente.

O que dizer ao ser "contemplado" com uma usina termoelétrica, alimentada por gás natural e que produz cerca de 550MW/h? Uma benção ou um presente de grego? Não sei... Mogi Mirim ganhará uma termoelétrica com tecnologia sucateada. Enquanto na Europa, o resfriamento das turbinas é feito a ar, aqui vão utilizar água. Ops! O problema inicial não era a falta de água?! E cerca de 80% dessa água se perde no processo de resfriamento da turbina por evaporação. E até onde eu saiba, a água da Bacia do rio Mogi-Guaçu não é de consumo exclusivo de Mogi-Mirim. Peças e mais peças de um quebra-cabeça que não se encaixa nem dentro nem fora da minha cabeça.

A mão-de-obra, extremamente qualificada, além de pouca, fatalmente, virá de fora. Falam do ICMS com a boca cheia, mas a quantia destinada ao município é quase "insignificante". O preço da usina é caríssimo, daí o risco da energia ser mais cara que a consumida hoje. E "bondades" à parte, deixar a energia e o tratamento de esgoto da cidade nas mãos de uma só empresa é um ato, no mínimo, questionável.

Vamos à questão ambiental. Será que o gás natural vindo da Bolívia chega limpo? Ao que me consta, não. Ele vem acompanhado. Traz consigo poluentes que possibilitam o seu transporte pelos gasodutos. Os 20% da água que voltam à natureza, voltam com uma temperatura cerca de 15º mais elevada. E a vida aquática? E as nossas torneiras? Se haverá queima de gás (combustão), conseqüentemente, o céu da cidade não será o mesmo. Ah! E se ela começar a operar com óleo ou piche?! Se o gás da Bolívia é eterno, a eternidade é bem mais curta do que se pensava. Mas quando se tem um prefeito que gosta de usar um "doutor" antes do nome, pensa-se que ele deve ter consciência do que está fazendo. Espera-se que ele tenha o mínimo de ética e pondere entre o que chamam de "desenvolvimento" e o bem estar da população. O preço do progresso não pode ser uma cidade doente. Ou pode?

Eu não sou contra a termoelétrica. Se ela não produzir impacto ambiental e beneficiar o município, não há porque questionar a sua instalação. Se comprovado que ela fará bem para a cidade, sou capaz até de colocar lá a primeira pedra da obra. Eu, simplesmente, estou levantando algumas dúvidas que interessam à população. Por falar em dúvidas, por que elas existem? Onde estão as audiências públicas para que o tema possa ser discutido? Onde está a clareza das informações? Aliás, onde se escondem as informações? Já que se fala tanto em democracia, por que não um plebiscito, ou será que a opinião pública não importa?

Caro leitor, se você puder me ajudar a solucionar algumas dúvidas, por favor, faça-o, o mais rápido possível porque do jeito que as coisas andam, parece que algumas respostas nós só vamos saber pela boca, fiel, do tempo.


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