Daniel Campos

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07/12/2012 - Culto à mulher amada

A mulher amada não nasce de ordens. Tem um começo espontâneo e não tem fim, muito menos um objetivo concreto em sua missão. Também não há regra alguma relacionada ao local de seu nascimento, pode ser num quarto, numa festa, numa lua, numa solidão, num coquetel, num tabuleiro, num bar... Deu para entender? Não se preocupe, pois a mulher amada está acima de qualquer entendimento. A existência dessa mulher é um jogo, onde ela ganha e você perde. Perde noites de sono, perde apetite, perde rumos, perde prumos, perde pudores... Isso sem contar que existem infinitas variações de mulher amada em uma mesma mulher amada. Porém, tudo com total propriedade, pois cada mulher amada tem uma fórmula tão própria quão secreta.

E o que é a vida do amante senão um embate solitário entre ele a mulher amada. E esse enfrentamento só vai ter fim quando quem sonha cansar do sonho, isto é, nunca. A mulher amada nunca sai de moda, ganha sempre um novo foco. É impossível, mas não demasiada, para dar a quem a ama uma sensação de possibilidade. Tem a mistura certa de doce e amargo, podendo ser degustada ou devorada. Tem olhos deslumbrantemente femininos fazendo questão de aflorar sua essência de fêmea. O desequilíbrio é comum ao universo da mulher amada, numa proporção que comprime o real e expande a alucinação. O apaixonado não consegue desvendar o oculto que impregna a mulher amada. Talvez por isso ele, cegamente, transforma-a em culto.


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