Daniel Campos

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Causos de mogi-mirim

Mais um causo para o folclore de Mogi-Mirim: o dia em que o governador veio para a cidade e o povo não viu. A cidade (a elite da cidade), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o clima de festa. Embora não vi o governador, (assim como mais de 99% da população eu também não fui convidado), ficaram algumas dúvidas:

Quem veio para Mogi-Mirim foi o governador ou o governador que é candidato a governador? Pode parecer a mesma coisa, mas são duas coisas completamente diferentes, principalmente em política em pleno ano de eleições. Neste ano em que não faltam campanhas políticas, é bom lembrar que somos vistos como votos e não como pessoas.

Geraldo Alckmin, realmente, veio para Mogi-Mirim? Será que aquela cidade que Alckmin visitou é a mesma cidade que vivemos? Convidados selecionados, fogos de artifício, um clube particular, em suma, um cenário artificial. Aquela Mogi-Mirim, de primeiro mundo, do clube, dos convidados,.., existe além dos discursos governistas?

Antes de me contrariarem, que digam onde estava o povo? O povo que vota. O povo que alimenta a cidade, o povo que faz a cidade, o povo que é a cidade de Mogi-Mirim. Ou será que o povo mudou de nome e era aquele que foi lá para somar aplausos ao governador, que fez de tudo para aparecer numa foto ao lado do governador e que era o responsável pelos elogios ao governador? Será que era aquele o povo mogimiriano?

Será que foi o governador que se escondeu do povo ou esconderam o governador do povo? Por que ele não foi fazer discurso em praça pública? Se ele é o herdeiro político daquele Covas que gostava de encarar o povo de frente (mesmo que levando pedrada), não havia motivo algum para se isolar. Há algo de estranho... Até o seu adversário na sucessão do governo de São Paulo, Paulo Maluf, quando veio para Mogi-Mirim ficou mais perto do povo. Maluf transitou pelas ruas, viu o povo, viu a cidade e, certamente, viu de forma mais nítida o que Alckmin viu da janela de um helicóptero.

Será que não deu tempo de maquiar a cidade para que o governador passasse? Será que tinham medo de manifestações populares? Será que tinham medo de vaias, tratores, faixas? Será algum trauma causado pelas manifestações passadas? Será medo de que algo viesse à tona? Será vergonha de mostrar o povo? O que será que fez com que Alckmin se afastasse (fosse afastado) dos seus possíveis "votos"? Segundo o IBGE, Mogi-Mirim tem por volta de cinqüenta mil eleitores. Para quem está atrás de Paulo Maluf nas pesquisas (dados da última pesquisa da Folha de São Paulo) este não é melhor momento para desperdiçar votos.

Há coisas em política que não se explicam, no entanto em um clube particular, (nada contra o clube, tudo contra a exclusão do povo), fica mais fácil manter o título de cidade simpatia.

Se como cansaram de dizer as "autoridades" locais, o que Alckmin veio fazer aqui era tão importante, por que não fazê-lo na praça central da cidade? Se a política é feita para o povo, não há razão de privá-lo, em momento algum. Somos mais de oitenta mil mogimirianos. Se o motivo da desculpa era espaço ou segurança, não haveria problema, porque, dias atrás, liberaram o carnaval na praça da Matriz. E então?? Uma preocupação: Se uma cidade não tem estrutura para receber um governador, como pensar em vôos tão altos. Problemas à vista.

Fica o registro: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, veio e o povo de Mogi-Mirim só o viu pelas fotos do jornal no fim-de-semana. Entre tantas dúvidas, resta o causo do governador que visitou uma cidade que tinha por volta de quinhentos habitantes.


Comentários

28/01/2012, por Mauricio das Neves:

Primeiro quero parabenizá-lo pelo ótimo texto, e pela ótica tão profícua como encarou e discorreu sobre os fatos. Por acaso, procurando alguma coisa sobre a estada do governador em nossa cidade, encontrei o seu texto, por sinal como já disse, muito bom e oportuno. Eu estava no clube no momento, porque sou sócio, mas não sabia da presença do peessedebista, muito menos foi convidado, aliás nem o vi mesmo. Agora em concordância com suas idéias, é muito estranho mesmo o fato de terem “escondido” o governador, de o terem levado para um ambiente isolado, principalmente do grande público, pra não dizer eleitores, porque político vive da política, e política além de outras coisas, claro, quer dizer votos. Pra ser sincero, nem estranho muito o fato, estranho mesmo a política, ou os políticos de Mogi Mirim, isso aqui parece uma caixa preta, não é possível ter contato com ninguém, o conservadorismo é muito grande, e o povo sempre esquecido, só lembrado mesmo naquela horinha, de quatro em quatro anos, no mês de outubro. Lamentável.


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