Daniel Campos

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Carta à procura da felicidade

Pode falar e re-falar. Não me convence quando se diz feliz. Se o for, seu conceito de felicidade é tão restrito quanto seus argumentos. Tudo bem que não queira admitir, mas se enganar faz mal. Mal à saúde física e psíquica. A felicidade não se traduz numa vida mesquinha, àquela que parece perfeita. A felicidade feita só de risos é tão frágil que chega a inexistir. Sorrisos ásperos, amargos, ensaiados não me convencem. A felicidade sofre, chora e suplica como qualquer mortal. A felicidade não é uma deusa, uma santa ou qualquer outro ser mítico. A felicidade é humana. E todos os humanos são feitos de sofrimento. A felicidade é uma dádiva de poucos momentos. Momentos em que somos feitos de um sentimento bruto. E sorrisos não são as únicas formas desse sentimento escorrer.

Ah! Poucos os que agüentam o estágio completo do "ser feliz". Não digo que a felicidade pertença aos fortes, aos indomáveis, aos normativos. É preciso apenas saber ser feliz e você não o sabe. Perdoe-me a sinceridade. Quando se diz feliz, sinto em seus olhos que você não acredita nisso. Alguém que não crê em suas palavras pode ser feliz? Para que mentir? Quando lhe desejo felicidade, desejo que você entenda o corpo da felicidade para que interrompa essa farsa. A felicidade não é programada, ao contrário, é um êxtase, uma explosão, um suspiro. A felicidade não é achada, mas encontrada. E quando encontrá-la, ela não estará com indicações de tal. Terá de entendê-la para mais tarde sabê-la. E, quem sabe, conquistá-la em uma difícil batalha contra seus medos. Eu pensei ter encontrado essa felicidade e como quem busca um pote de ouro no final do arco-íris, descobri que por detrás de risos fáceis há sempre o choro da ilusão. Só depois que choramos esse choro poderemos ter a chance de alcançar à felicidade que sempre procuramos.


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