Daniel Campos

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03/10/2008 - Caminhadura

Eu caminho contra o sol, seja a pé ou na boleia de um caminhão. Eu caminho no marca-passo coração, seja em pontes de safena ou injeções de adrenalina. Eu caminho no mar-alto da paixão, seja a bordo da arca de Noé ou dividindo as águas de Moisés. Eu caminho pelos tabuleiros, seja entre estradas de rainha ou espadas de rinhas. Eu caminho pelos romances, seja nas linhas dos livros da estante ou na canção que caminha solta pelo ar.

Eu caminho de sentença em sentença, seja na prisão de um tempo ou no cárcere da paixão. Eu caminho por entre uma declaração de amor, seja amor amado ou mais amado para valer. Eu caminho sem dó nem piedade, seja pela cidade ou pelo azulão do céu. Eu caminho poeticamente, seja de letra em pausa ou de rima em refrão. Eu caminho na corda bamba da esperança, seja equilibrando uma sombrinha ou um leão.

Eu caminho ao norte, seja seguindo os ponteiros da constelação ou os indicadores dos mateiros. Eu caminho correndo, seja do destino ou dos dentes de um cão. Eu caminho sem querer chegar, seja agora ou no fim do dia, da fantasia, da poesia. Eu caminho de não em não, seja aqui ou no Azerbaijão. Eu caminho em minhas meninices, seja dependurado no galho de uma árvore ou nas franjas de um maranhão, que vai subindo, sorrindo indo feito rojão de São João.


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