Daniel Campos

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08/07/2010 - Beijo de avelã

Era para ser mais um amor adolescente desses feitos de arroubos e levezas da estação. No entanto, como num texto de Shakespeare, a paixão ganhou contornos de tragédia. E então do romantismo inocente de um beijo no pátio da escola, fez-se o pânico. Para além dos característicos e inofensivos tremores de pernas e arrepios, a jovem britânica começou a ter dificuldades de respirar e ganhar um inchaço crescente no rosto.

Sem entender aquela cena, como se vivesse um script paralelo, o garoto entrou em desespero. Não. Não havia nada de premeditado naquilo. Era tão vítima como ela. Como poderia saber que ao comer uma barra de cereal, o sabor das avelãs impregnaria seus lábios a ponto de envenenar a namorada durante um leve e doce beijo. O escritor do destino teria de ser cruel demais para findar assim uma história de amor.

Não só o romance, mas a vida da jovem foi se esvaindo diante dos olhos de outros estudantes. O beijo, mais do que prazer e suspiros, trouxe-lhe um choque anafilático. Nem mesmo a mais medrosa das criaturas poderia atribuir tal perigo a um beijo de avelã. Por sorte, conseguiu chegar a um hospital onde recebeu uma injeção de adrenalina. Deus, toda a adrenalina do acontecido já não era o suficiente para aqueles corações?

Para alívio do casal de namorados e dos que acompanharam esse capricho do destino, a menina sobreviveu para padecer da certeza de que jamais poderia receber outro beijo de avelã.

Observação do autor: Inspirado na história real de Laura Kukic, do condado de Bedfordshire, na Inglaterra.


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