Daniel Campos

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17/10/2008 - Até onde você é capaz de ir?

Uma das atitudes românticas de maior sucesso na história da humanidade é a de Romeu e Julieta, que morreram por amor. É um típico caso onde, movido por um sentimento, ultrapassa-se a barreira da normalidade. Diante disso, será que é tão anormal assim o gesto do rapaz que mantém a ex-namorada seqüestrada por dias a fio? Esses rompantes do amor são totalmente censurados nos dias de hoje. Culpa do tédio o qual atravessa o romantismo. Não há nada de novo no ar. Flores e chocolates já estão mais do que batidos. Mas falta coragem para inovar. E, pior de tudo, falta coragem para assumir o que já é aceito nos filmes, no teatro, na literatura. Por que essa distância tão grande entre o vivido no real e o desejado na ficção?

No musical O Fantasma da Ópera, o vilão aprisiona a mocinha nas redes de sua paixão e é ovacionado pela platéia. Sem maiores pudores, o público chega a torcer por ele. No entanto, quando o assunto é realidade, estamos longe de ir além da chata normalidade que nos rege a partir de um código de boas maneiras. O caso do menino que mantém presa sua ex-namorada é condenável pela violência, mas, do ponto de vista sentimental, é audacioso e legítimo. Não posso afirmar o que ele sente, mas trabalhando hipoteticamente com um caso de amor sobre-humano, eis que: se o sentimento é maior do que ele próprio, como vai dominá-lo? Será que o amor tem que ser sempre bem comportado? Será que um leão domando ruge com a mesma intensidade?

Por mais absurdo que pareçam essas indagações, o amor, para se manter intenso, precisa de algumas anormalidades. A loucura é combustível desse sentimento que não pode viver para sempre a partir de uma rotina estafante. No mais que badalado Titanic, multidões se comoveram com a morte do protagonista em prol da preservação da vida de sua bem-amada. No entanto, quando algum jornal traz a notícia de que alguém se suicidou, em prol do que sentimento que nutria por alguém, a reação é sempre a mesma: achar de uma idiotice tamanha acabar com a própria vida por amor. Mas daí eu volto ao começo do texto e pergunto: e Romeu e Julieta? Você já parou para pensar no que teria coragem de fazer por amor? Até onde você é capaz de chegar para fazer valer o que sente? Você seria capaz de morrer ou matar?


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