Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
13/05/2012 - Aquífera vida

Todos nascem das águas. Das águas do ventre. Das águas que mantém vivo o corpo das mães. Foram as águas que deram liga ao barro da criação. É a chuva que traz o broto, que germina a semente, que madura o fruto. A flor d’água é o milagre do sertão. A água está em todas as receitas, em todas as dietas, em todas as coisas. A água trouxe profetas. Da água nasceram as yabás. Quanto sofrimento marejou e transbordou dos olhos de Maria.

A água é a manjedoura de todas as coisas, vivas ou não. A água na seiva das matas. A água no choro das pedras. A água na forja do aço. A água que povoa o coco. A água das piscinas, das banheiras, das marés. A água que serena nos violões boêmios. A água dos brindes, dos banhos, dos cheiros, das possessões, das nascentes, dos arvoredos, das corredeiras, das cachoeiras que águam segredos. A água que nos dá forma e nos transforma.

O tempo é água corrente. Por meio da água enviamos oferendas. Por meio da água esperamos presentes. A água é o fio do destino. A água quebra o uísque numa pedra de gelo. A água está na prece do lavrador. A água está nas veias do pescador. Bocas molhadas de beijo. Água na boca de desejo. A água florescendo o coração. A água minando dos seios. A água correndo pelos veios do destino de todos nós.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar