Daniel Campos

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13/05/2017 - Ame evitando o refluxo do passado

Ame sem checar antecedentes e, principalmente, sem invocar o passado de quem quer que seja. Não importa o que a pessoa amada já foi, mas o que ela é no tempo presente. Não traga o passado de ninguém de volta, nem o seu. O que ficou é altamente tóxico para as relações, pois tem alta concentração de erros. O que deve ser levado em conta é o momento atual da pessoa, o que ela se formou a partir das falhas que experimentou. Jogar na cara os mau-passos dados por seu parceiro é uma atitude que não vai fazer nada bem para uma caminhada conjunta. Ajude para que os passos do outro sejam firmes, acertados, conscientes daqui para frente se quiser cultivar uma relação, deixando para trás o que não vai levar ninguém adiante. Caminhar para trás é suicídio evolutivo.

E se o parceiro insistir em te levar para o passado, em viver do ontem, em alimentar fantasmas antigos... deixo-o, pois nunca serão felizes. Eu não estou sendo radical, mas realista. E temos de parar de tentar cobrir o sol com a peneira, como diriam os antigos. Não se vende e tome as medidas necessárias à sua felicidade. O que acontece com um alimento ao vencer o seu prazo de validade? Ele faz mal para quem consome. O mesmo acontece com um relacionamento feito a partir do que já perdeu valor. Por exemplo, se a pessoa amada errou com você e decidiram seguir em frente não dá para toda hora ficar cutucando a ferida. Ferida cutucada não cicatriza.

Somos hoje o resultado dos nossos caminhos, a maturação das nossas escolhas, a vibração acumulada e depurada ao longo da nossa existência... querendo ou não, somos parte de um processo universal onde a lei é seguir em frente. Temos de aprender sempre com a natureza, que é uma escola fundamental, onde as águas são correntes, as sementes acordam, os brotos crescem, as árvores dão frutos e assim por diante. Quem não evolui não sobrevive. Fazer um relacionamento girar em torno de mágoas, dores, falhas passadas gera doenças amorosas que causam a morte da relação e sérios problemas aos seus integrantes, que passam a cultivar inseguranças, falta generalizada de confiança, crises de pânico e um sentimento de insuperação.

Lembre-se que o passado que realmente importa está em nós, como lição que aprendemos e utilizamos no hoje. Não somos perfeitos. Todos já erramos. O importante é no que nos transformamos a partir das pisadas na bola. Por isso eu digo, não cheque antecedentes, verifique o presente, o momento presente. Se o passado da pessoa amada te incomoda tanto, a ponto de você não conseguir depurá-lo, termine a relação e parta para outra. O melhor a fazer é colocar um ponto final da relação, pois por mais antiácidos que você tome o passado indigesto continua voltando num refluxo terrível.

Quem não é capaz de perdoar e superar os erros do outro não tem porque viver com ele. Trazer o passado para o tempo presente causa distúrbios que judiam do coração. Ou se ama a ponto de transcender aos infortúnios cometidos pelo outro, permitindo-se construir uma relação a partir do zero ou dê essa construção a dois como inviável. Imagine a relação amorosa como uma jarra vazia, que deve ser preenchida gradativamente com o que vocês vivem em conjunto a partir do instante que assumem esse compromisso. Se você trazer conteúdos passados do seu parceiro para jogar na jarra de vocês essa mistura não tem como dar certo.


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