Daniel Campos

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18/12/2008 - A política do dito pelo não dito

Palavra dada deve ser cumprida a qualquer custo. Eis um legado que forjei junto ao meu avô em anos de convivência. Cumprir o que foi dito é mais do que uma obrigação, é um motivo de honra. Se eu digo que vou estar em algum lugar tal horário, pode ter certeza de que estarei lá minutos antes, vivo ou morto. Se eu digo que vou fazer algo, fá-lo-ei nem que isso me prejudique por inteiro. Assinaturas, fiadores, gravações não têm o mesmo valor de uma palavra empenhada. No entanto, nesse caos chamado sociedade moderna, o que impera mesmo é a política do dito pelo não dito.

É absurdo que dos pequenos combinados às grandes negociações a palavra dada não valha como moeda de garantia. E o pior é que a crise de identidade da palavra ultrapassou os limites das relações comerciais embarcando de vez nas afetivas. De fato, essa falta de respeito é generalizada, atingindo não só pessoas estranhas, mas entes queridos. Quer conhecer uma pessoa? Pois bem, veja o que ela faz com a palavra que empenha. Cuidado, o resultado pode lhe decepcionar profundamente.

Não só os membros do Congresso Nacional, mas uma grande multidão faz da palavra um meio político de viver. Um meio de ilusão, de trapaça, de máscara. Na sociedade da banalização em que vivemos é ridículo um homem ou uma mulher fazer cumprir sua palavra. No entanto, eu ainda acredito que a palavra dada é questão de integridade, de preservação dos sonhos alheios e da manutenção de caráter. No entanto, promessas à parte, tem sobrado pouco, muito pouco, de vida para viver. Eis, para quem não faz uso da política do dito pelo não dito, o verdadeiro Armagedom.


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