Daniel Campos

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11/06/2010 - A morte da prima-ballerina

As pontas tateiam mais tristes os palcos bailarinos pelo planeta Grand Plié. Pontas enlutadas pela morte de Marina Semenova, a eterna primeira bailarina do teatro Bolshoi. Quando ela brilhava num pas de basque a Rússia ainda era vermelha de União Soviética. Indiscreto, o capitalismo suspirava por aquelas sapatilhas comunistas. Para além da guerra fria, Marina do Lago de los Cisnes, de La Bayardère e de Giselle. Aos 101 anos, a bailarina russa, por mais uma vez, calou o mundo do balé. Por ela, ou melhor, pela ausência dela, o Bolshoi chorou.

Os braços longos e flexíveis de Marina disseram adeus. Hoje, nas escolas de balé os dèboulès, glissade, quatrième, temps lié ganham certa nostalgia. Nada capaz de atrapalhar a fantasia dessas meninas que se transformam em espécies de princesas tanto nas vestes quanto nos gestos. Mas, por mais que nunca tenham visto uma apresentação de Semenova, sentem um fio de tristeza interligando seus movimentos. Lutos à parte, o sentimento que fica é de que Semenova não morreu, entregou-se ao vento. Ao vento que agora venta com um pouco mais de Balancé.


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