Daniel Campos

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18/05/2010 - A esperança deixou de ser esperança

Infelizmente é verdade. Constatei isso ontem quando uma esperança, aquele inseto de antenas longas primo do gafanhoto, pousou na janela da cozinha lá de casa. Cheguei a achar que era uma espécie de grilo ou um louva-deus de batina franciscana. Afinal, o bicho era colorido num tom marrom bem diferente daquele verde que caracterizava seu nome. No entanto, não havia como questionar: era, de fato, uma esperança.

A esperança então ficou no fato daquela esperança ser uma aberração de sua espécie, vítima de alguma mutação transgênica. Mas ao olhar pela janela, um sinal do fim dos tempos. Dezenas de esperanças descoloridas, tingidas numa coloração amarronzada, caminhavam pelo jardim. O que aconteceu com a esperança? Perdeu-se pelo caminho. O que se via eram insetos tão desesperançosos quão sua nova cor.

Se uma esperança verde é mensageira da sorte, uma ex-esperança, agora marrom, anuncia o quê: azar? As asas com nervuras que lembravam folhas verdes novinhas agora trazem o tom pastel do tempo passado e do inverno desanimador. As pernas se exibiam espinhosas e marrons, como caule de roseira antiga que não dá mais rosa. Pudera, o verde que simbolizava as energias da natureza, o equilíbrio, o recomeço acabou.

Pode parecer brincadeira, porém, aquele bichinho de 7 centímetros foi capaz de plantar uma enorme dúvida na minha cabeça: e agora, o que fazer, se até a esperança deixou de ser esperança?


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