Soneto contorcionista
Dobra suas pernas e inclina a coluna
Um, dez ou vinte ângulos para trás
Distenda-se e respire fundo em paz
Correndo seu mundo em cada lacuna.
Solte o ar devagar zomba tomba e vira
Colocando o cabelo em queda livre
E de ponta cabeça, ama em declive
E suspira e gira e pira e transpira
Um arrepio frio que corre ao contrário
Pelas suas costas e abraça suas pernas
Tal qual uma escultura pós-moderna
Distorce e se contorce num aquário
Lança a língua e sussurra ao pé do ouvido
A última dobra do amor não vivido.
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