Quartetos
A noite estava de toda perdida
Nada dentre tudo e todos restava
O voluptuoso frio caminhava
Na rua nua pela ventania varrida.
A lua opaca, exausta cochilava.
Sobra esperar o doravante dia
Do esmigalhado vidro se via
Um ébrio triste que perambulava.
De repente, surpresa inesperada
Garbosa, humilde, descomunal
Na miragem um tanto quanto irreal
A noite quieta fica então calada.
A vida pára, não se movimenta
Quando ela hesita em cantar
A voz sutil parecia gotejar
Do leito de uma água sedenta.
A vasta lua bocejou assustada
O frio vil, cálido se aquecia
Nas frestas obscuras da fantasia
O bêbado tropeça na calçada.
Um vestido junto ao ar dançava
Lábios férteis, ingênua franjinha
Ah! Não! Ah!! Pena... não podia se minha
Nem do mero bêbado que vagava.
Águas torrentes da virgem mulher
Corria aos becos sem vida
Tudo corria para longe de mim
Como birra de quem quer porque quer.
Poucos minutos de felicidade
O tedioso marasmo retornou
O bêbado infeliz se embriagou
E a ninfa anoiteceu na saudade.
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