Daniel Campos

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Ode ao eterno

Que seja eterna a nossa estada nesta célula de sentimento
Chamada amor, paixão, desejo, ternura, afeto...
Que seja eterna a nossa vida vivida um para o outro
Eu para você, você para mim
E nós dois, e nós dois, na verdade, somos só um
Só um caminho, só um sentido, só um querer
Que seja eterno o mistério que nos volve e envolve
Nesta ânsia de amar, sobretudo e sobretodos,
Ignorando limites e redimensionando tempo e espaço
Que nos leve à eternidade esse torpor interior que nos alimenta
E nos acalenta na certeza de que somos indivisíveis
E amplamente necessários para o equilíbrio dos planetas
Eu sou Mercúrio, Marte, Júpiter, Netuno... você, Vênus
A deusa do panteão romano, amor, erotismo e beleza
Que eternamente comunguemos um só significado de existência:
Viver para amar, e sobre-amar, numa overdose de amor
Pluridimensional, maior que o bem, maior que o mal
Que seja eterno o ato de nos declararmos
Amantes, amados, apaixonados, tomados de saudade da coisa amada
Mesmo quando perto, porque somos o insaciável, o inacabado
Obra amorosa em permanente e ascendente construção
Que seja eterna a nossa jornada de beijos e abraços
Com pernas se entrelaçando e braços laçando
Nossos corpos. E seu corpo é feito de carne, sopro e âmbar
Que a eternidade seja pouca para dar conta desta amorosidade
Progressiva, revolucionária, transformadora
De modos e costumes, de tudo o que há de concreto e abstrato
Nessa dimensão que se dá o nosso encontro
Que seja eterna a nossa união renascentista
E que façamos deste amor nossa guerra e nossa paz
Numa explosão atômica de sofrer e contentamento
Se amando e se querendo sob a anatomia do prazer
Que eternamente deixemos de lado o que nos rodeia
Para atacar cada vez mais, e demais, o núcleo deste amor
Nem que para isso seja preciso derramar sangue ou pranto
Que seja eterna a nossa convicção de que amamos
Para além dos moldes, regras, ritos, fronteiras, túmulos
No êxtase da recriação do mito da criação:
Nascei-vos, crescei-vos e amai-vos urgente
E desesperadamente.


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