Meu bem
Vontade de ir pro mato
Numa casinha de varanda
E ficar lá quietinho
Pensando no meu bem.
Vontade de ir pro mato
Lá onde a cigarra pede chuva
E uma sabiá entardecida
Canta a volta do meu bem.
Vontade de ir pro mato
À sombra de uma paineira
E no chão esbranquiçado
Deitar ao lado do meu bem.
Vontade de ir pro mato
Lá onde o vento assobia
A partitura de uma dança
Que dança na dança do meu bem.
Vontade de ir pro mato
Chorar na brasa do fogão
E ver nos olhos de um cachorro
O reflexo dos passos do meu bem.
Vontade de ir pro mato
E no arado arar meu corpo
Revirando meus sonhos
Nas sementes que germinam meu bem.
Vontade de ir pro mato
Lá onde o joão é de barro
A maria, sem vergonha
E a felicidade, meu bem.
Vontade de ir pro mato
Onde a noite guarda mistérios
Saci e lobisomem
E o lampião clareia meu bem.
Vontade de ir pro mato
Onde o mundo é mais possível
Onde a terra cruza os rastos
Dos meus passos com meu bem.
Vontade de ir pro mato
Onde a esperança é uma mina
Que escorre cristalina
Pelas costas de meu bem.
Vontade de ir pro mato
E me embrenhar em mim
Tendo a certeza
De que meu bem está bem.
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