Daniel Campos

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05/07/2010 - Virgens de Copacabana

A mulher precisa voltar, precisa voltar às origens para não se olvidar, por uma semana sequer, das virgens de Copacabana. Ondas que nascem no eclipse do oceano e se levantam do ventre do mar como um apocalipse nuclear. Com força e beleza femininas, as ondas correm pelas vistas como meninas descalças avançando, sem perceber, sem querer, em cristas de valsa. O perfume das ondas é brisa que o pássaro leva em suas asas, é a melodia que um piano traz ao rádio da nossa casa, é a poesia que extravasa na maresia.

E depois do baile, em meio às vertigens de céus encontrando mar, as ondas virgens se arrebentam contra as pedras do cais, contra o corpo dos casais, contra a tatuagem do rapaz, deflorando seus véus numa paisagem fugaz. Ah! Em meio a espumas e brumas, o prazer explode num acorde de sal. Entre o pranto e o encanto, de um jeito não menos sentimental, as virgens de Copacabana ganham as areias de porcelana para depois serem puxadas, tragadas, devoradas pelas sereias caninanas do mar num amor que dá para depois tirar.


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