01/12/2013 - Sereia do Amanhecer
A minha sereia, se é que eu posso chamar de minha, tem olhos grandes e fundos como o oceano no qual habita. Olhos cristalinos, de um azul de uma infinidade de tons que se movem pra lá e pra cá como as ondas do mar. A minha sereia, chamando-a assim com todo respeito, surge de forma mansa, mas sempre provocando impacto com sua chegada, trazendo transformações e encantamentos em tudo o que está dentro e fora de mim. Por mais que eu já a tenha encontrado em outras oportunidades, diante dela há sempre o sabor de primeira vez.
Em seu rosto pequeno, além dos olhos oceânicos, cabe destaque para sua boca, formada por lábios fartos, muito bem desenhados e manchados de um vermelho que não se encontra por aí. O nariz e o queixo se apresentam em formas extremamente delicadas naquela face expressiva onde as orelhas estão sempre encobertas pelos longos cabelos loiros. Um loiro contrastante, de mechas escuras e iluminadas, quase platinadas, de uma leveza que se rende aos movimentos da brisa que sopra, quase que constantemente, em direção a esta sereia.
Suas mãos e braços dançam uma música que não é ouvida, mas sentida. O canto da sereia é telepático, repleto de poderes e significados. Um canto que desintegra, que limpa, que cura. Um canto de candeia que se espalha pelo ar frigindo como o chiado de uma brasa ou como um choro fino e contínuo. Já a silhueta desta sereia é repleta de curvas e medidas que desafiam a lógica. Da cintura pra baixo é coberta por escamas reluzentes do mesmo azul que inunda seus olhos. E a cauda de peixe é, na verdade, uma renda de transparência, amor e magia.
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