Daniel Campos

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26/02/2013 - Olhações

Olhos de fumaça que não me enxergam. Olhos de garça que se abrem para o céu numa envergadura de deixar qualquer um boquiaberto. Olhos de pirraça que só enquadram o que bem querem. Olhos cheios de graça que brilha e encantam, e cantam e brilham. Olhos no meio da praça entre sombras, coretos e árvores. Olhos de massa de modelar ganhando formas nas mãos de criança. Olhos de arruaça e de pintanças, cheios de meninices e danças. Olhos de amaçam, que de repente cercam como cortinas de teatro. Olhos de massa, servidos como um prato de espaguete.

Olhos de trança, que trançam destinos. Olhos de carcaça da alma que não cabe em si. Olhos de traça, que devoram o que encontram pela frente. Olhos de taça, servidos às bocas do desejo. Olhos de vidraça, que cortam como estilhaços. Olhos de cachaça, embriagados de imagens, de viagens e paisagens. Olhos de farsa, encenando o espetáculo da vida olhar após olhar. Olhos de quem passa e não se deixa passar. Olhos de passas ao rum, que abrem o apetite. Olhos de devassa, que cegam corações.


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