13/11/2015 - Grife ainda...
Não vou mais ao cinema. Não peço mais pizza nem guaraná. Não compro nada sem antes consultar os teoremas. Não voo mais. Não ando demais pra não achar pedágio. Não ligo o rádio, escuto de graça o sabiá. Não compro mais livros. Não como uma colher a mais do que me mantém vivo. Não sei mais o que é um banho de rei. Não passo nem perto do teatro pra não cair na tentação de espiar ao menos um ato. Não compro mais camisa, meia ou calça. Não pago para andar na praça. Não tomo mais café. Não custeio a minha fé. Não aposto mais em jogos de azar. Não me dou ao desfrute sequer um torresmo de bar. Não tenho ar condicionado. Não tenho outra viagem senão para o meu passado. Não me rendo às grifes. Não me vendo ainda, grife ainda....
Não uso mais do que duas gotas de perfume por dia. Não pago nada pelas mordomias das minhas fantasias. Não tenho mais aquário. Não tenho nada além do necessário. Não tenho luxo. Não desvio meu curso. Não tenho mais seguro. Não sou de remédio, dor eu mesmo curo. Não tenho televisão por assinatura. Não tenho diversão senão minha loucura. Não tenho cachorro, eu mesmo lato, mordo e corro. Não vou mais a qualquer restaurante. Não tenho mulher, muito menos amante. Não acendo mais a luz. Não escuto mais meus blues. Não cozinho mais usando gás. Não tenho planta nem flor lilás. Não uso mais computador. Não morro para não pagar esquife. Não pago nada ainda para viver o amor, grife ainda...
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