Daniel Campos

Berradeiro


1998 - Poesia

Editora Auxiliadora

Resumo

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Acácias

A rua escura tem mais luz do que aparenta
Nas bocas das pessoas que não sabem o que dizer
A rua escura tem a noite que adentra
Andando, andando, andando sem saber
A rua escura pode ser
As mãos que não se encontram
Os olhos que não se encontram
As bocas que não se encontram
Na forma clara, clara, clara
Que não tem cara
A rua pode ser um vão
Uma curva, uma esquina
Um mar, um chapadão
Algo além dessa messalina escuridão
A rua escura pode ser o não
O não, o não
A falta de razão
Dos que não conseguem enxergar
Dos que não conseguem andar
Dos que não conseguem falar
Na tanta negridão
Não quero velas que não sejam telas
Nem quero sóis que não sejam nós
Deixem-me com a luz da lua pálida
Que tem medo, medo, medo
De uma coisa assim tão cálida
Deixei-me caminhar entre as acácias
Que brotam nas ruas escuras e desertas
E tristes de triste
Lembrando que são tão incertas
Quanta a audácia
De uma menina em riste.


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