Daniel Campos

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Versos em espirais

Passava das horas de sono
E nos enrolávamos
Nas espirais imaginárias
Do telefone sem fio
Enquanto tentávamos equacionar
O possível e o impossível.

Na falta do sim
Nem galho de alecrim
De arruda ou de louro
Afastaram o agouro
Que se deu ao estouro
Do primeiro silêncio.

Naquela noite
Palavras e pausas
Palavras prematuras e pausas assustadas
Reescreveram o ?grand?finale?
Assinado por mim.

Houve vela
E uma lua amarela
Que dançou bolero
Até o dia voltar
A si.

Naquela noite
Não estava previsto
O imprevisto
Queria lhe perguntar
Qual calendário seguia
Mas fugi
E me esqueci.

Esqueci tantas coisas
Não sei se devia
Mas esqueci
Esqueci até de desligar
Queria lhe perguntar mais
E mais sobre as questões do seu tempo
Mas me faltou tempo
E lhe sobrou elegância.

O mundo correu
A noite bebeu
Despencou na lama
Eu me desfiz dos dramas
Em sorrisos de nervos
Em sorrisos pálidos
Em sorrisos trôpegos
Que tropeçavam boca
Em boca.

Naquela noite
Prometíamos
Outros telefonemas
Outros encontros
Outros dias
Que já se prometiam como outros
Como que para enganar
Como que para calar
O silêncio
Que esperava ao meu lado
Para sufocar
A última palavra daquele berradeiro.


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