Telhado
Os lápis que pintaram seus olhos no último inverno
Adormecem aos pés dos espelhos que você escondeu
Lá no fundo de um armário embutido
Lá onde um poema escrito a próprio punho
Se enrosca nas alças de um vestido
Que subiu no mais alto telhado
Só para se deitar
Na penteadeira de uma lua tão crescente
Quão penitente...
Lá a brisa não era de mar
Mas de um lago
Que naquela noite de cobertas
Não precisou de botos, sereias ou vitórias-régias
Pra se enfeitiçar
Num sonho bom,
E agora
Depois que o tempo foi embora
O vestido, a lua e o lago
Num tempo cinematográfico
Passam e repassam
Na película de olhares
Que não conseguem ir além
Do contorno do seu lápis.
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