Talvez
Eu sou o ontem
E o que pretendia ser
Num amanhã.
Hoje, não existo
Acredite, não minto
Não sou nada além
De alguns sonhos
Algumas lembranças.
Eu sou aquele velho
Encostado a um muro
Alimentado de histórias
Conversando com o passado
Aconselhando-se em próprios conselhos.
E ao mesmo tempo
Se é que existe tempo
Sou aquela criança
Que brinca por prazer
Que vive por seus desejos:
Sonhos impossíveis
Amores platônicos
Numa ingenuidade
Que desconhece nos anos
Um castigo maior.
Eu sou aquela pessoa
Que se busca
Sem poder se achar
Por que sou o ontem
Perdido no amanhã.
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