Daniel Campos

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Sonhos ovacionados

Não quero nada além de alguns aplausos.
Aplausos desabotoados, descompassados
E falsos como as canções.
Aplausos incertos como inspirações
Que se deitam e se deleitam
Na cama dos artistas
Entre tantos beijos enclausurados
E corpos desacertados.
Aplausos que se dão as juras de outros
Como os rostos das amadas
Que dependem do momento
De um tempo sem ponteiros.
Aplausos que caem na tarde
Como chuva no mar
Onde os olhares são pedaços
De ninguém.

Quando peço aplausos
Não acho que os mereço, mas
Quando eu deixar de caminhar
Cansado de tanto amar
Os ecos dos aplausos
Subiram por minhas espinhas
Badalarão em minha cabeça
E me dirão que minha poesia
Um dia
Valeu a pena.

Os aplausos
Podem doer
Ou causar prazer
Mas é preciso deixar faces
E conhecer novas faces em face do amor
Aplausos são precisos mesmo quando num canto escuro
Num silêncio quase pleno
O artista se aplaude
Como nunca ninguém o aplaudiu
Como sempre quis que o aplaudissem
Como sempre sonhou
Porque sonhos são fortes e breves
Como aplausos.


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