Daniel Campos

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Soneto egípcio

Aquieta-se num silêncio egípcio
E milênios depois acorda e finge
Que é muda de amor, mas grita o propício
Grito ferido da ferida esfinge

Que finge o deserto em dor e se fere
Enquanto frige em si uma epidemia
A areia da impinge tatua a minha pele
Em mil e uma noites de fantasias

Nos seios o tempo finge que hiberna
Mas do seu ventre o medo brota lírico
E escorre quente pelos véus da perna

Que treme de loucura e de prazer
E a saudade desce feito um espírito
De odalisca no meio do anoitecer.


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