Soneto dos caracóis
Delicada, a mulher sai da calçada
E passa em passos doublé por lençóis
E sobe e desce nas notas da escada
Rodopiando e sonhando em caracóis
E ela baila e ela roda e ela nos gira
Nosso mundo se volta em suas revoltas
E ela mira atira e pira na lira
Do sonho que nos pega e não nos solta
Ai, a mulher vai três passos para lá
Tonteia e desenha um coração partido
Na contradança do salão proibido
E roda como filha de oxalá
E acende velas, dança na janela
E o tempo vil ao silenciá-la ? apela.
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