Soneto da receita de um amor
De repente faz do todo o seu instante
Esqueça todo espaço toda a idade
Esqueça a boca que diz o dia adiante
E expulsa do corpo a última saudade.
Inverta a ordem entre emoção e razão
Quebra sem piedade qualquer doutrina
Tranca o medo no mais fundo porão
E, suicida, joga-se à própria sina
Fira a língua em pólen de primavera
E o sexo nas estrelas da quimera
Enquanto da poesia bebe os venenos
Só e somente quando a alma se por nua
E acreditar no que bem-diz a lua
É hora de cair do ventre de Vênus.
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