Soneto da fuga
Diante da poda, roda à moda e sonha
A ponto de criar longas asas longas
Respira o azul, se atira em vôo e transponha
Os limites da carne e da mironga.
Voa, voa ligeiro até onde os castradores
De amor não tenham o menor alcance
Voa, voa faceiro pra onde os sonhadores
Tecem ninhos e ninhos do romance
Voa, voa pelos jardins do éden do inferno
Mas voa distante e perto num vôo interno
E dribla a linha em corte do cerol
Voa só, voa de lua, mas voa alto altaneiro
No fôlego de um velho prisioneiro
Que foge e corre e voa de encontro ao sol.
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