02/12/2013 - Só isso
Sou só isso
Exatamente isso
E mais nada
Sou o fim da estrada
A quebra do feitiço
O final feliz postiço
Não tenho mais o que oferecer
Não tenho mais o que (re)dizer
Só sei fazer e refazer o sofrer
Sou o que tira o viço
O louco e o omisso
Por mais que eu fantasie
Que eu crie e recrie
Sou o que existe
E assim, tudo o que toco
Vira ou fica triste
Tudo o que faço é pouco
Eu não provoco
Nada
Absolutamente nada
Além de uma série de “des”
Desilusão
Desgosto
Decepção
Nem eu sei meus porquês
Sou solidão
Sou rei posto
Sou o sonho que não deu certo
Não sou de confiança
Sou criança
Sou incerto
De fato, não presto
Para ser e fazer e acontecer
Enquanto felicidade
Sou de outra cidade
Sou da terra
Da falsidade
Tudo o que falo
Perde a verdade
Eu não valho
O botão que abotoa
Seus desejos
Vivo à toa
Enxergo o que não vejo
Sou a tristeza
E a beleza
De um realejo
Sou a sobra
Objeto
De quem cobra
Inseto
Sigo provocando doenças
Sendo ausente mesmo presente
Aliás, de que vale minha presença?
O tempo já deu a sentença
Hei de seguir com meu cortejo
Entristecendo tudo e todos
Destruindo vidas e esperanças
E ao mesmo instante, como delirante
Tentando vencer o lodo
Que encobre o que sou
E até as marcas do tanto
Que este poeta sem canto
Amou e chorou e (re)chorou.
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