Sexo tinto
Olhos de vinhas.
Não vinhas vindas de o verbo vir ou de adivinhas.
Olhos de vinhas.
Não as parreiras tomadas por uvas
Mas o líquido daquelas uvas.
Olhos que ora são claros em seus enunciados bíblicos
Ora são turvos como se não quisessem se desvendar um milímetro sequer.
Olhos de uma safra que não existe fora dos catálogos,
Não que sejam olhos de vinagre, ácidos e plebeus
Mas como se nascidos em outra época
Quem sabe uma época estampada nos rótulos da saudade.
Não sei se esse passado aconteceu de fato
Ou se é de uma época futura, a qual a humanidade não tem pressa em chegar
Pelo simples porque de não saber fazê-lo.
Olhos que se debruçam sutil e fortemente num equilíbrio estranho
Feito uvas suspensas no ar.
E por falar em uvas, será um olhar chileno ou italiano?
Independente do sotaque, esses olhos não têm raça, cor, classe
Tem apenas sexo
Um sexo tinto
Um sexo licoroso, encorpado, doce e seco
Nos olhos onde a feminilidade acontece gota a gota
Numa embriagues lúcida
E nessa lucidez, os detalhes da flor, do fruto e da semente.
Talvez ainda um perfume...
Olhos de vinhas.
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