Daniel Campos

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Seria de São Jorge

Esquece o lá fora
Aonde a noite anoiteceu fria e pálida
Esquece seus medos, seus sonhos, seus segredos
Esquece o que chora
E o que já chorou
Lembre-se agora só que por trás de toda noite pálida
Há uma lua cálida
A provocar um novo amor
Amor que mingua, amor que cresce
Amor que enche e nunca envelhece
Tampouco, se esquece.

Sereia de São Jorge
Morde meus ouvidos
Rasga seus vestidos
Enluara os meus desejos
E tara de si o que não vejo
E depois de tudo
Além de tudo
Raia a tua aura
De Iara dos céus escuros
Deixando em minha boca
Sua confidência mais rouca
E seus beijos mais impuros

Lua
De pele fria e furor ardente
Seja semente alva
E amor de corpo presente
Me chora, me adora
E de calor me lava
Me ora e me namora
Como nunca dantes
Seja minha amada, minha amante
Lua, ò lua, de olhos de tarô
Lua, sentimento pornô,
Seja meu chão, minha cama
Minha ilusão, céu e lama
Sacra e profana
Ama-me numa paixão cigana
Tão piedosa quão tirana.


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