Sem-sonhos
Quando a noite cair
De repente
Nas mãos desertas
Dos sem-sonhos
É momento de aquietar-se
Apagar as velas
Afastar-se dos lustres
E de toda luz humana
E viver um momento de entregas
Entregar-se e deixar ser entregado
De modo que não haja qualquer resistência.
Nesse momento
Sê si próprio
E confiante
Deixe que luas, estrelas, frestas de luz
Invadam seu corpo
De modo que lhe vire pelo avesso
Para que se possa sentir
A existência que o envolve
De um modo nunca sentido.
Sentir olhares
E mesmo em meio às sombras
Deguste a cor
Das retinas, das pupilas
E do que há por traz dos olhos
Cada gesto
Cada perfume
Cada relevo
Dos olhos que não se vêem.
Sinta estar sozinho
Em uma boa companhia
Que mesmo num silêncio
Sem palavras definidas
Consegue lhe ter
Apenas sentindo,
Como se o corpo
Libertasse a vida que aprisiona
E lhe entregasse
À noite
Numa nova existência
Que acontece
De repente.
Quebra de expectativa
Quando o nosso tempo parecia perto
Quando traçávamos um o caminho do outro
Quando já nos esperávamos
Sem sentir a espera
Fomos.
Nossos sonhos de tão próximos
Ficaram longe
Ela foi e talvez não volte
Eu fiquei e talvez não vá
Mas tive que dizer adeus
Deixar livre a mão que acena.
Não seria o único aceno
Foste sem saber se queria
Foste porque era preciso
Foste porque não pude impedir
Fui consolo
Fui forte
Fui falso.
Quando você disse a separação
Já estávamos separados
Quando foi hora do adeus
Escondi as lágrimas
Quando foste despedida
Fui saudade.
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