Rugas de tristeza
Os versos não infiltram no papel
As mãos se esforçam desiludidas
Os olhos vagam ao turvo céu
Aspirando uma razão à vida
E a inspiração aparenta faltar
Depois de tanto se confidenciar.
Pareço não sentir mais a poesia
No sangue que deságua vazio
No leito que seca a cada dia
Talvez não seja mais o rio
Onde corriam sentimentos
Nos ventos dos lamentos.
A certeza de estar mais triste
A incerteza do amanhã
Assaltaram meu corpo no qual persiste
A parva alma clamando que está sã
E eu louco rouco e avariado
Pelo saudoso passado.
A rima pobre de amor e dor
Balbucia em meus lábios
Deve haver algum valor
Incrédulo, pergunto aos sábios
De que resta a um poeta
Poetar ausente da estrofe predileta.
Sozinho dentre os pensamentos
Guardando seu nome na ilusão
Apaziguando os tormentos
De uma vida toda em vão,
Na solidão amando-a fingi viver
Uma vida na qual só necessito morrer.
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