Daniel Campos

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Rotina

Fim de tarde
O sol arde
Na promessa de um amanhã
Sem tanto alarde.

Paletó na cadeira
Um banho, pratos à mesa
E as lembranças terçãs
Sem eira nem beira.

Olhos na varanda
À procura de estrelas
No silêncio quieto da noite
De umbanda.

O horizonte de todo negro
Como se não houvesse mais nada
Além da imaginação
E de um borrão de estrada.

O gosto da noite na boca
Que ora é tão vazia
Ora é repleta de lábios
Não vistos há dias.

O sonho é fecundado
O corpo flui
A magia se instala
No corpo cansado.

Volta à alegria simples
Nos olhos da rua
Namorar, flertar
Se casar com a lua.

O sono consome
Descerra o mundo
Que em baixa rotação
Rende-se e dorme.

Nos olhos de café
Não há mais nada
Senão o sol que arde
Em passos de balé.


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