Daniel Campos

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Quando ela vier

Quando ela vier, não importam as razões
Que ela tentou esquecer ou fingir.
Não importa se iremos ouvir perdões
Se nos consagraremos ou se vamos desistir.
Quando ela vier, com os seus porquês
Talvez já a tenha distante
Com as esperas postas num buquê
Onde a vida se faz a cada instante.
Quando ela vier, quero que venha no riso
Que estampa as vitrines das cartas,
Quero que venha com o siso
De suas sobriedade farta.
Quando ela vier, não será preciso dizer
Nada além do que já foi recitado
Não iremos nos desfazer
Do que já foi criado.
Quando ela vier, espero que venha calma
Em passos brandos e leves,
Que vá se despindo da ama
Como peças de uma mesma pele.
Quando ela vier, quero olhá-la como nunca o fizera
E, pouco a pouco, sentir todos os seus eus,
Senti-la a cada quimera
A música, os cálices, os breus.

Quando ela vier
Enrolada
De lençóis
E desejos sós,
Quero que ensolarada
Toque as minhas costas
Tendo meus olhos calados
E se faça bela pelas encostas
De tantos sóis, de ciúme, mal traçados.


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