Pré-existência
A mulher amada
Antecede o ser que a ama
Independente de sua idade
Cronológica
Ela existe mesmo antes de sua existência
Física
No momento em que ele apenas sonha
No plano mais subjetivo com ela
Ela enquanto mulher amada já reina
Absoluta em carne espírito e desejo
Na cabeça de quem a procura
Enquanto amor
Seus traços corporais e atemporais
Já são plenamente definidos
Nos pensamentos da criatura
Que a ama e a ama demais
No mais fundo de seu consciente
O encontro
Passa a ser apenas uma questão de destino
Mais dia, menos dia
Ela virá
E se materializará amada
Atestando seus maiores delírios
Não há de se estranhar
Que o ser que ama
Quando à face da mulher amada
Pela primeira vez
Não enlouqueça em gritos
De surpresa
Mas se emudeça
Num contentamento
Cético
De quem já a sabia
Mesmo sem nunca tê-la visto
Há de urgir uma sensação
Estranha, mas perfeitamente compreensível,
De que eles já convivem há anos luz
A mulher e a criatura que a ama
Comungando de um mistério de fé
Que não se vê, mas se acredita
Ela sempre foi motivo de uma fé absoluta
De um dogma não quebrável
E não há como se enganar
O corpo do ser que ama
Em suas memorizações
Já responde aos estímulos
De pele e de alma
Causados pela presença corpórea
Da mulher amada
Mas esse ceticismo não indica
Desânimo ou qualquer outro sentimento baixo
Ao contrário, conduz-nos ao pensamento
De que ela já era nascida
Além de seu corpo.
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