05/12/2013 - Poética das mãos
Mãos dançando no ar
Cada unha, uma bailarina única
Rosa, vinho, vermelha
Ou nuas de cor e esmalte
Mãos de dedos suspensos
Como cometas paralelos
Carpo e metacarpo
Trabalhando em conjunto
Costas e palmas
Como um poema
De dupla face
Perfumado
E corado
E suado
Mãos que se dão
E se entregam
E se enlaçam
E acenam
E encenam
Chegando e partindo
Com signos
E significados
Próprios
Mãos simétricas
Fonéticas
Poéticas
De linhas
Ciganas
Que partem
Destinos
Fazendo arte
Quantos encontros
Desencontros
E reencontros
Escritos nas linhas
Linhas férreas
Áreas
Sentimentais
Que se unem
A outras linhas
Num encaixe
Perfeito
De mãos perfeitas
Sob medida
Para conduzir
O tempo
Mãos de quatorze
Falanges
Orquestradas
Por estímulos
Ou instintos
Como corpo de baile
E o mundo é distal
E proximal
Ao mesmo instante
E passa-se a ver
A anatomia
A maestria
A sangria
Das mãos
Ao ponto
De tudo virar poesia
Belíssimo escafóide
Raríssimo trapezóide
Nessas mãos de asteróide
Será lunar ou semilunar?
Vem espacial ou piramidal?
Seja o que for
Venha como vier
Que haja amor
No informe do pisiforme
Destas mãos-mulher
Quantos sonhos pendurados
Perturbados no trapézio
Como loucos de césio
No ato do capitato
Ou seria do hamato?
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