Poema interurbano
Sinto como se você se perdesse um pouco de mim
Ao nos deixarmos nos fios do telefonema de ontem
Sem adeuses e com promessas de curto prazo
Prometendo-nos às outras despedidas.
Sua voz mais distante a cada nova sílaba
Afastava-se do meu leito em madrugada imensa
Sem querer que eu ou ninguém percebesse
O fato de que queria, sobretudo, ter-me deserto
E me testemunhar ainda mais perto.
Mas distanciávamo-nos do futuro
Mas desvencilhávamos do passado
Um a um, perdia os acessos as suas lacunas.
Ficamos nas palavras mal acabadas
Que se multiplicavam caladas
Nas revoltas de um fio de tantas voltas.
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