15/12/2013 - O trem
O trem vai cortando a serra
Se enchafurdando na terra
Com seus vagões grenás
O trem vai tricoteando
Destinos e serpentando
Por curvas que o tempo faz
O trem vai pesado, carregado
De sentimento
Mas leve em seu volteio alado
Como sabiá
Ao fim do relento
O trem vai subindo e caindo
Pela imensidão da mata
Soltando fumaça
Pelo seu coração de lata
Apitando
Fazendo graça
Ganhando olhares
Pelos lugares
Onde passa
O trem vai casando
Histórias
Buscando encontros
Deixando memórias
Pelos trilhos
Que já foram dos avôs
E serão ainda dos filhos
O trem vai correndo
Vai tremendo
Vai apaixonado
Pelo fato de correr
Entre o nascer
E o morrer
Do sol das rainhas
O trem vai
Distende-se e contrai
De boca em boca
Vai com sua melodia
Rouca
Vai com sua poesia
Maquinista
E passageira
Ao mesmo instante
O trem vai
Sábio, maduro
E menino infante
Por dormentes
De um destino
Que não mente
O trem
Contra tudo
Além mudo
Segue
Mesmo tristonho
O ensejo
E prossegue
Com seu cortejo
Em vagões
De sonho
E solidões
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