Daniel Campos

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Nictofobia

Longe da mulher amada
Eu tenho um medo
Que chega a pavor
Em noite baixa e escura.
A fobia me sufoca
Quando não vejo
A mulher amada
Nos quartos da lua
Nas pontas das estrelas
Na inconstância
De um vaga-lume
Que pulsa em luz.
É como se eu caísse
Num buraco negro
E sem fundo
Sendo torturado
Por pavores
E outros horrores.
A mulher amada
Deve romper a noite
Mesmo que por meio
Da chama
De uma vela em riste
Que tremula a boca do vento
Mas não apaga.
A mulher amada
Deve queimar a noite
Mesmo que por meio
Da brasa
De um cigarro pouco
Que vai trilhando a rua
No silêncio de tantas palavras
Vermelhas.
A mulher amada
Deve cortar a noite
Mesmo por meio
De uma nave espacial
Néon
Que nos faz acreditar
Que a vida ultrapassa
Os limites de nós mesmos.
Humana ou sobrenaturalmente
Na mais completa escuridão
Vem a fobia
De não haver
A mulher amada
E diante desse estrangulamento
De sonhos e certezas
Finco as unhas em meu peito
Rasgo-me e me viro do avesso
Só para libertar
As estrelas alaranjadas
Que fui roubando
Dos olhos da mulher amada
Ao longo de dias escuros
E escusos.


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