Mulher de fênix
É tempo de apagar os dizeres
Fechar o livro não lido por inteiro
Queimar os papéis mal escritos
De modo que as cinzas se percam
Se espalhem num vento que nada pergunte
E se encontrem como letras perdidas
Que mesmo quando se reencontrarem
Não se lembrem da união passada
Ou tenham medo de recordar.
Letras esclerosadas ou covardes
Que se cruzam de cabeças baixas
Letras todas iguais no corpo
Um corpo que é feito de brasas e cinzas
Cinzas de fogão de lenha
Cinzas do folião de carnaval
Cinzas da paixão de artifício
Cinzas da traição em brasa
Cinzas da mulher de fênix
Que arde enquanto ateia
Em si
Uma saudade que incendeia.
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