Daniel Campos

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Mulher de Buckingham

Não espere a chuva acabar...
Não fique num canto sozinha...
Não se esconda...
Venha! Coragem! Não tema!
Deixa a chuva cair
Cair em seu corpo
Venha, sem sombrinha
Com os pingos que vier
E se quiser
Fingir que não gosta ? corra
Ou abra os braços e voa...
Voa como nuvem passageira
Que não precisa se explicar
Que não precisa ter direção
Porque não há tempo.
Venha, não há trovões
Não há raios
Só há chuva
E um vento calmo e frio.
Venha! A chuva continua...
Venha sem sombrinha...
Venha, conta-me o gosto
E o rosto da chuva.
Venha chuva chuvarada
E quando seu barco chegar
Na enxurrada
Da ladeira
Não lançará âncora
Nem descerá as velas.
E quando chegar toda molhada
Não me pedirá roupas
Ou um copo de bebida quente
Apenas
Irá se vestir num sorriso seco
E sem dizer
Mais dizeres
Continuará
Como a chuva
Com a chuva
Na chuva.


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