Lembranças
Tu sempre valsas em meu pensamento
No fascinante baile da saudade,
Mas todo brilho desta divindade
Se perdeu na sombria noite, lamento...
Foste este o último sentimento
A agasalhar-se neste meu peito
Sagrado âmbito onde a mágoa faz leito
Incendiando o ódio do tormento.
Outrora me declaras padecer,
No teu olhar, um cristalino mar
Que te iluminas pelo luar.
Tua pele és digna ao amanhecer
Da frágil rosa em pleno florescer.
Teu cabelo jorra o profundo breu
Emoldurando o teu rosto ateu
Ao amor na chama do incandescer.
Meus lábios vivem a nostalgia
Sorrindo de tristeza ao desejo
Louco, dissimulado do teu beijo.
Nas ruas exalaste a agonia
Do perfume que a alma alivia.
O teu abraço continua presente
Neste meu corpo de amor doente
No qual a cura não é minha companhia.
Hoje, espero-te acompanhado
Junto a uma garrafa de bebida
Tragando o amargor da despedida.
Meu amigo violão está cansado,
Rouco de serestar sem ser amado
No céu as estrelas tua música negam
E assim divinas luzes a mim cessam.
Ó como queria estar ao teu lado!
A alva lua me beija com esplendor
E em tua boca sinto a solidão.
Deus verte a celeste compaixão
Sobre meu fiel corpo sofredor
Que tu não dignificas de louvor.
Meu sangue é amargo paraíso de lágrimas
Unificadas às desnorteadas lástimas
Nas veias da poesia em desamor.
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