18/02/2015 - Ladainha de Pai João das Matas
Pai João das Matas
Das sementes
Das copas frondosas
Dos coqueirais
Das rosas tão rosas
Dos manguezais
Das nascentes
Cuida de nós
Não nos deixa só
Pai João das Matas
Das ameixeiras
Das águas correntes
Dos campos em flor
Das cachoeiras
Da terra orvalhada
E da lua mateira
Cuida do mundo
Segundo a segundo
Pai João das Matas
Das florestas intocadas
Do aroma de capim chovido
Das criaturas encantadas
Dos cipós em laço
Das raízes trançadas
Dos jequitibás coloridos
Pelo amor de Deus
Olha pelo que é teu
Pai João das Matas
Dos rios do passaredo
Das pedras que cantam
Dos pios pelo arvoredo
Dos passos
Dos riachos
Das seivas benditas
Espalma tuas mãos
E nos manda teu clarão
Pai João das Matas
Dos jatobás
Dos Xavantes
Dos gigantes
Dos Tupinambás
Dos Kaiowás
Dos seres-verdes
Guia teus filhos
Pelos teus lírios
Pai João das Matas
Das grutas
Dos espinhos
Dos pés de pau
Do mel da fruta
Do branco linho
Das águas claras
Traz verdade e cura
E para sempre dura
Pai João das Matas
Do doce da cana
Do verde que cruza
Soma, multiplica
E se esparrama
Dos ninhos
Das tocas
Toca nosso cerne
Marca nossa pele
Pai João das Matas
Dos vaga-lumes
Do silêncio oco
Dos perfumes
Da tranquilidade
Dos tocos
Faça sementeira
Pela vida inteira
Pai João das Matas
Dos infindos umbus
Dos lindos anus
Das montanhas
Dos ares
Dos vales
Dos índios nus
Desfaz os malfeitos
Levando o amor a eito
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