Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Imediatismo

A presença da amada é sentida de forma imediata
Ela é trazida nos braços do vento
O cenário vazio, bucólico, comum
Dá lugar a uma mulher que traz outras vidas consigo
Um olhar estreito e um aceno,
Vez ou outra diz que logo vem
Que vai fazer não sei o quê
Mas que é para esperar que ela volta
Ou simplesmente desça as escadas
De seu paraíso perdido
Ou de seu inferno sideral.

O movimento dos cabelos é orquestral
Desce com certa impaciência
A mesma que lhe atormenta
Chega como se já estivesse ali há longo tempo
Sem pedir licença interrompe qualquer assunto
Os olhos curiosos são características imprescindíveis
Chega e parece que vamos embora

Literalmente, ela rouba a cena
Não que faça esforço para isso
Tudo é espontâneo
Fala das amigas
Falando de si
Chega e não percebe
Que atrasou
Que fez ansioso
Que fez medo de não vir
Chega com blusas novas
Natural ou de batom
E muito raramente vem de sombra
Mas em todas às vezes vem em trevas
Trevas de lua trevas de sol.

Antes de partir, um gole de água
Desce pela sua garganta afoita
Como tempestade em alto-mar,
Chega com o atraso programado
E se vai com uma antecedência tempestiva
Quando chega, sei ao menos de mim
Quando se vai, não sei mais nada
A não ser que há um parto
Donde nasce a espera mais esperada.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar