Gole a gole
Quando o sol se por
Na escuridão de uma lua
E lhe propor
Uma madrugada crua
Bruta e interrupta
Que ficará nua
Em suas mãos,
Silencie-se
Não diga nada
Tampouco faça.
Debruça
E soluça
No copo vazio
Da criatura amada
E sem mais desvario
Beba
Gole a gole,
Sinta-a e a beba
Sentindo todo o perfume
Que o mata de ciúme.
Sem perceber
Será parte de seu corpo
E sem querer
Num sopro
Reavivará a chama
Que clama
E ama
Ou chama
E engana.
Quando se olhar novamente
Num outro de repente
Ela já estará em você
Sem um porquê
Ela estará ali e aqui
Ao mesmo momento
No quarto ou ao relento,
Ela que nunca se declara
Ela que nunca se revela
Ela, janela e sentimento.
Ao enrolá-la em lençóis
Não se permita mais tocá-la
Sinta-se algoz
E feroz.
Enquanto ela se mostrará
Fria e distante,
Você será o último arrepio
Você será o último amante
Bravio
Aquele que se sentirá ausente
Ao ver a última estrela cair
E se esvair no seu copo vazio.
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