Fuzis e rosas
Se as armas não atiraram rosas
Por que essa legião de soldados
Está aqui
A me olhar me fitar me mirar
Como se eu estivesse
Entre o alvo e os dardos.
São soldados de caras amarradas
São soldados de caras pintadas
São soldados de almas fardadas
E vivas fadadas
A atirar a executar a matar
Pelo bel prazer
Ou por qualquer preço
Avessos ao final feliz.
São dez, são cem, são mil
Soldados
Armados e mal-amados
Famintos e cruéis
Como cobras cascavéis
Em posição de atacar
E eu vou combatendo
Balas e granadas
Tanques e mísseis
Pela estrada
Da mulher amada
Com a minha poesia
Nuclear.
Ai, aonde vai parar essa guerra
São trincheiras de realidade
São barreiras de ficção
São generais da fatalidade
E é um destino que berra
E avança sem perdão.
Entre a cama e a janela
Solados do medo
Do desassossego
Na aquarela
Da opressão
Vão cercando
Vão aprisionando
Vão dilacerando
Os amores
Civis
Que já vai ferido
Na ponta
De tantos fuzis
E fuzis são atiram rosas.
Na falta de sonhos
E coração
Há sempre um ditador
Querendo a extinção
Da raça do amor.
E assim rumo ao fim
O exército da solidão
Marcha
Em passos de chumbo
E eu não tenho armadura
Nem uma frase mais dura
E eu não tenho submarino
Nem um cavalo marinho
E eu não tenho um arsenal
Bélico de fogos e ares
Nem doze discípulos militares
Nem qualquer medida
Paliativa
Tenho apenas
O desejo visceral
Do salve-se quem puder
E o pólen da fantasia
Que nasce da poesia
Radioativa
Da flor de Chernobyl
Que se abre
Em pétalas de mulher
Na primavera de um sonhario.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.