Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Foxtrot

Tem dias em que a saudade acorda menina
E em seus alvoroços e rebeldias
Deixa-nos loucos
De amor e de outros temas.
Por mais que a mulher amada esteja a míseros centímetros
Urge a sensação de que ela está há anos luz
E o que é microscópico
Torna-se telescópico
E os abraços viram laços
E as mãos viram garras
E os sentimentos se fundem
Sob o único desejo de tê-la perto.
E mais do que mais que perto,
Desejo de não perdê-la de vista
De aroma, de tato, de som
E não perder o seu gosto
Num só instante
Transformando em realidade
A voracidade
De uma saudade
Que até tempos atrás
Só existia nos clássicos
Da literatura.

Ah! Criatura
Das minhas paixões
De homem, de sonhador e de rapaz
Carrega-me para o teu útero
E me amarra num cordão umbilical
Para não corrermos o risco
De sermos levados por um destino
De sermos roubados por um menino
De sermos mortos por um tempo felino
Que insiste em ser cretino
Com aqueles que naturalmente
Bendizem-se: eu te amo.
Naturalmente
Como a explosão de um cometa
Como o toque de uma trombeta
Como o bater de asas de uma borboleta
Que na invisibilidade de suas cores
Provoca mil ardores
Ao pousar no cóxis
Da mulher amada
Fazendo nossa estrada
Rodar zonza ao bailar
De um foxtrot.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar