Daniel Campos

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Flores de Plástico

Porque andamos com os olhos cheios de chão
Porque não acreditamos mais no prazer
Porque acabou a nossa sede de ir em frente
Porque ficamos numa boca qualquer
Porque julgamos nossa força pouca
Porque não lemos o rosto que está ao nosso lado
Porque insistimos no erro e fugimos
Porque a última morte não é mais da esperança
Porque corremos a procura de nada
Porque não quebramos as nossas algemas imaginárias
Porque nossos sonhos são abortados
Porque não conhecemos o cheiro das flores
Porque o nosso desabafo se faz calado
Porque insistimos em esperar pelo amanhã
Porque nossos deuses não descem do altar
Porque ser diferente é ser louco
Porque disfarçamos o nosso sentimento
Porque andamos com as mãos solitárias
Porque temos medo de correr riscos
Porque nunca nos entregamos por inteiro
Porque nem sabemos mais a fase da lua
Porque não temos vontade de recomeçar
Porque fingimos estar tudo bem
Porque os nossos heróis não são nossos
Porque se perdeu o conceito de saudade
Porque temos os desejos como pecados
Porque não se conta mais histórias
Porque vivemos de forma descartável
Porque nos enganamos e deixamo-nos enganar
Porque não lembramos como se sorri
Porque somos as sobras do que queríamos ser
Porque nos vendemos por qualquer coisa
Porque nos trancamos dentro de nós mesmos
Porque temos vergonha das nossas lágrimas
Porque traímos as próprias promessas
Porque esquecemos das coisas simples da vida
Porque somos apenas mais um número numa lista
Porque confundimos romantismo com passado
Porque nos privamos da coragem de tentar
É que, vamos acabar por entre as flores de plástico.


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